Crenças limitantes sobre dinheiro detonam o comércio
Quem nunca ouviu a frase: “Dinheiro não traz felicidade, mas ajuda a sofrer em Paris”? Essa é uma maneira bem-humorada de quebrar o paradigma de que, embora o dinheiro não seja a fonte da felicidade, ele pode amenizar dificuldades e proporcionar mais conforto.
Ao mesmo tempo, muitas pessoas repetem que “o pobre fica cada vez mais pobre e o rico cada vez mais rico”. Essas afirmações refletem a forma como muitos brasileiros enxergam o papel do dinheiro na sociedade e, para quem empreende, podem ser especialmente prejudiciais. Afinal, o sucesso de um comércio depende de decisões assertivas, e a relação do comerciante com o dinheiro vai muito além de apenas fechar o caixa no final do dia.
Muitos empreendedores abrem um negócio buscando sucesso, liberdade e segurança financeira. Para eles, o dinheiro representa uma ferramenta para alcançar esses objetivos. No entanto, para outros, ele pode ser fonte de medo, insegurança e até culpa. Essa dinâmica influencia diretamente suas decisões — da precificação dos produtos aos investimentos necessários para o crescimento do negócio.
Por outro lado, muitos comerciantes começam com entusiasmo, mas logo percebem que lidar com dinheiro exige mais do que apenas vender bem. É preciso entender custos, margens de lucro, fluxo de caixa e, acima de tudo, desenvolver uma mentalidade financeira equilibrada. No entanto, crenças limitantes e medos inconscientes podem dificultar essa jornada, levando a decisões impulsivas ou a uma postura excessivamente conservadora, que acaba freando o crescimento da empresa.
Nesta primeira parte, vamos explorar como a visão sobre o dinheiro pode impactar diretamente o sucesso do comerciante. Discutiremos a formação das crenças financeiras, o medo do crescimento e a importância de enxergar o dinheiro como uma ferramenta de realização. Afinal, compreender e transformar essa relação pode ser o diferencial entre um negócio que apenas sobrevive e um que prospera de forma consistente.
Jurgen Klaric afirma que “sucesso não é sobre dizer ou fazer alguma coisa. É sobre o porquê dizer ou fazer alguma coisa.” Em outras palavras, o que move um comerciante é a razão pela qual ele faz o que faz. É sobre ação. E como toda ação envolve valores éticos, a pergunta é: os fins justificam os meios?
Todo comerciante deseja crescer, aumentar seus lucros e conquistar mais estabilidade. Mas, em algum momento, surge a dúvida: estou sendo apenas ambicioso ou estou ultrapassando a linha da ganância? Para responder a essa pergunta, primeiro precisamos entender a diferença entre esses dois conceitos.
Valores éticos são a bússola que direciona quem tem um desejo de crescer. Eles são os pilares que definirão se uma pessoa é ambiciosa ou gananciosa. No primeiro caso, o comerciante, muitas vezes, sem perceber, quer prosperar para garantir uma vida melhor para sua famíli, uma boa escola para os filhos. Seu objetivo é crescer, produzir riqueza e conquistar segurança para si e para os seus, ainda que, no meio dos desafios do dia-a-dia, ele possa perder de vista seu propósito inicial, fazendo com que ele pense em desistir.
Uma pessoa verdadeiramente ambiciosa enfrenta os desafios naturais do processo e age de maneira honesta, sem passar por cima de ninguém. Ambição é o desejo de evoluir de forma lícita, tanto do ponto de vista moral quanto legal. Naturalmente, essa pessoa entende que tudo que vem à custa do sofrimento alheio, não se sustenta.
Em outro cenário, há aqueles que acreditam que os fins justificam os meios e desconhecem a ética. Isso se chama ganância.
No Brasil, muitas pessoas têm preconceito com o termo “ambição” porque confundem os conceitos. O grande problema é que essa distorção pode prejudicar quem empreende, pois cria barreiras para que o comerciante invista no crescimento do seu negócio sem culpa.
No próximo bloco, vamos abordar os principais motivos que impedem o crescimento pessoal e profissional de um comerciante e como superar esses obstáculos.
Já convivi com pessoas que têm medo de serem ambiciosas porque acreditam que isso é pecado. Mas não é só isso. Elas cresceram ouvindo de suas mães que ganhar dinheiro é muito difícil e que sonhar com uma mochila de qualidade para ir à escola “não é coisa de pobre”.
Aprendemos errado com quem também aprendeu errado. Pessoas com grande potencial acabam tendo resultados medianos – ou nenhum resultado – simplesmente por conta de suas crenças limitantes. Isso é triste, mas é real.
Muitos abrem mão da prosperidade por medo do que os outros vão dizer. Afinal, para alguns, é vergonhoso progredir diante de quem não conseguiu realizar seus sonhos. Mas será que isso faz sentido?
É preciso questionar:
Sonho sem ação é como arrependimento sem perdão: fica apenas a frustração.
Existe uma passagem bíblica que diz: “É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino dos Céus.”
Muitos interpretam essa mensagem de forma distorcida, acreditando que a riqueza traz desgraça. No entanto, essa não é a verdadeira lição. Na realidade, muitas dessas pessoas endossam esse pensamento para justificar a própria descrença em si mesmas.
O ensinamento central dessa passagem não condena o dinheiro em si, mas o apego excessivo a ele e a falta de fé no plano espiritual. A riqueza, quando bem empregada, pode ser uma ferramenta poderosa para ajudar o próximo em suas necessidades mais básicas. Afinal, “amar ao próximo como a ti mesmo” também pode ser praticado ao dar pão a quem tem fome
Não Mereço? Uma Ilusão, não uma sentença.
Muitas pessoas atribuem seus fracassos à falta de mérito, sem perceber que essa crença pode ter raízes profundas na infância. Se uma criança cresce ouvindo que nunca poderá ter uma mochila de qualidade para ir à escola ou se seus cuidados básicos foram negligenciados, é provável que ela desenvolva a sensação de que não merece o sucesso. Essas memórias negativas acabam moldando a forma como ela se enxerga no mundo e precisam ser ressignificadas.
É essencial questionar a origem dessas crenças e como elas influenciam os resultados de hoje. Um comerciante precisa de autoconfiança para tomar decisões estratégicas e sustentar o crescimento do seu negócio. Se sua percepção sobre si mesmo estiver comprometida, isso pode afetar diretamente suas escolhas profissionais e seus resultados.
O caminho para o sucesso no comércio e na vida pessoal não é linear e é comum que crenças limitantes, influências do passado e a relação com o dinheiro se tornem obstáculos invisíveis no processo de crescimento. O medo da ambição, a culpa por querer mais e até mesmo o preconceito com a ideia de prosperar são barreiras que precisam ser confrontadas e superadas. Como vimos, o dinheiro não é o vilão, nem a ambição o inimigo; o que realmente importa é a forma como nos relacionamos com essas forças e como as utilizamos para construir algo sólido e ético.
A verdadeira questão está em entender que a ambição é saudável é motivada por um desejo genuíno de crescer, melhorar e contribuir para o bem-estar dos outros. Para os comerciantes, especialmente, é vital reconhecer que o sucesso não é um privilégio de poucos, mas uma possibilidade para quem toma decisões acertadas, desenvolve autoconfiança e faz escolhas alinhadas com seus valores.
No fim, o que define o sucesso não é a origem ou as dificuldades enfrentadas, mas a disposição para aprender com as experiências passadas e usar o conhecimento adquirido para construir um futuro próspero. Quando o comerciante percebe que o seu valor não depende das limitações impostas por crenças antigas ou pela pressão externa, ele começa a caminhar em direção ao crescimento sustentável, tanto pessoal quanto profissional. O dinheiro, então, deixa de ser um obstáculo e passa a ser a ferramenta que viabiliza seus sonhos, seus projetos e o bem-estar de quem está ao seu redor.
No próximo artigo, vamos explorar as responsabilidades do comerciante e como sua mentalidade influencia seu desempenho nas múltiplas funções que exerce.
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